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SURFACE DESIGN by DBStudio

março 08, 2010

Medo e Movimento

  • Assistir a desfiles de moda é deleitar-se com o glamour.
  • Roupa bonita na cadência da música programada, sobre peles maravilhosamente maquiadas e corpos esguios.
  • Mas e atrás das cortinas? O que acontece nos bastidores?

Muito, mas muito stress!

  • Modelos, maquiadores, camareiras, estilistas, designers, quase todo o mundo corre!
  • E quem não corre, "pula miudinho"...
  • As personagens deste ambiente temem a falha, ficam absolutamente estressadas. Até pelo menos, o início do show, morrem de medo!

É, na moda e na vida, o medo nos rodeia.

  • Mas, será que sem adrenalina a vida seria melhor?
  • Como viver sem stress?
  • E o medo: ele é do bem ou do mal?
  • Assistindo hoje ao vídeo de uma palestra do psiquiatra Paulo Gaudêncio, me tornei amiga do medo.
  • E aconselho: não o temam.

O MEDO, afinal, é "um cara do bem".

  • Na definição do psiquiatra, tédio é a ausência de medo e o medo é uma emoção importante, salvadora.
  • O entendimento superficial – ainda que arraigado em várias culturas – é de que o medo é um sentimento ruim que deve ser renegado.
  • Puro preconceito.
  • No entendimento do psiquiatra, o medo deveria ser requalificado, sofrer uma revisão de qualidade, dado que nos educa, impulsiona e até mesmo salva nossas vidas.
  • Gaudêncio disse: sem medo não há introdução da norma, o medo desencadeia mudanças.
  • Mas mesmo com tantas qualidades, o fator medo não tem valor per se.
  • O medo que paralisa e mata, tem uma zona de conforto, onde o sentimento transforma-se em (ganhando status de) coragem e enfrentamento.
  • O ser maduro faz opções corajosas ou prudentes, nunca covardes ou irresponsáveis.

“Heróis são pessoas que, munidas de muito medo, enfrentaram, sem querer, obstáculos que julgavam intransponíveis.”

  • A paixão, ao contrário, goza de status positivo.
  • No entanto ela é “sustentada” pela agressividade, dado que, como disse Humberto Eco, estamos fadados à “insustentável leveza do ser”. Bem como, de certa forma, o amor.
  • A paixão é alimentada pelo stress.
  • É garantida pela impossibilidade.
  • É idéia fixa, um tipo de patologia da atenção.
  • Deseja o perto e intangível, atua em um campo tenso.
  • Na paixão, o desejo é maior do que razão.
  • Mas se a paixão garante e conquista, o amor garante a continuidade.
  • Mas quando desprovido de um grau relativo de “stress”, esvanece, entedia-se. E morre.
  • Não confundir calmaria – ou equilíbrio – com marasmo ou tédio.
  • Amor requer utilidade, desafio, reconhecimento. Sem motivação, entedia-se.

O tédio é a falta de estímulo, a ausência do medo. O estímulo é gerado pela tensão (stress).

  • Há 2 tipos de stress: o bom (eustress) e o mal (distress).
  • O primeiro, motiva, o segundo é patológico.
  • Quando bom, dificuldades grandes são enfrentadas com habilidades poderosas.
  • Se grandes dificuldades encontram baixas habilidades, o stress é mal.
  • Um cenário onde há “grandes habilidade versus baixa dificuldade” “engessa” a vontade, o desejo, a ação. Abre um espaço onde se instala... o tédio.

“A vida é um pêndulo que oscila entre o tédio e o desespero.”
Arthur Schopenhauer (*)

  • Este “oscilar” seria a “faixa do fluir”. Este é o espaço onde ocorre a motivação.
  • São fatores motivacionais: fazer o que se gosta, sentir-se útil, ser desafiado, obter reconhecimento.
  • A paixão é garantida pela impossibilidade, o amor pela atenção.
  • Mas tanto no amor quanto na carreira, o outro tem de ser um constante desafio. Motivar-nos.
  • Alcançar a meta, fazer o gol, “ganhar na loteria”, ao contrário do que, a princípio, acredita-se, pode não trazer felicidade, sentimento fugaz.
  • A imagem no topo deste texto – capa do livro de Jenny Holzer (CCBB - 1999) – é um retrato da “insustentável leveza” deste ser auto-intitulado “racional”.

Estabilidade, eternidade, vida, morte...

Sustentação, fragilidade, movimento...


(*) Schopenhauer (1788-1860): filósofo alemão do século XIX da corrente irracionalista. Sua obra principal é O mundo como vontade e representação (1819), embora o seu livro Parerga e Paralipomena (1851) seja o mais conhecido. Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o Budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Ficou conhecido por seu pessimismo e entendia o Budismo como uma confirmação dessa visão. Schopenhauer também combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou fortemente o pensamento de Friedrich Nietzsche. Fonte: Wikipedia